Como feirantes do Ver-o-Peso driblam baixa de safras para manter preços equilibrados aos clientes e turistas em Belém
19/11/2025
(Foto: Reprodução) Feirantes driblam sazonalidade e baixa da safra para garantir preços no Ver-O-Peso
Na maior feira a céu aberto da América Latina, o Ver-o-Peso, feirantes driblam baixa de safras, algumas afetadas por mudanças climáticas, para manter preços equilibrados e acessíveis aos clientes e turistas, principalmente durante o período da Conferência das Partes (COP 30), quando Belém recebe cerca de 50 mil visitantes.
😋 A meta é clara por lá: garantir que todos desfrutem da rica gastronomia local sem pesar no bolso. Com o fluxo intenso e baixa safra, a tendência é o aumento de preços, como aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA).
O órgão também indica que outros fatores podem impactar o valor final dos produtos, especialmente das frutas e polpas — destaques na culinária paraense e tão procuradas por turistas e pelos próprios moradores —, como a sazonalidade e o desempenho das safras.
🙋♀️ Mesmo com as dificuldades das safras, os vendedores do setor de polpas da feira, um dos mais frequentados durante a COP 30, encontraram estratégias de armazenamento para que os clientes não sintam esses impactos. Com cinco décadas de experiência, a feirante Nazaré Barros revela a tática:
"A gente fez assim: na safra, começamos a guardar para quando chegar nesse período o cliente não sofrer no bolso com um valor mais alto."
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Frutas como manga, pupunha, taperebá e cupuaçu em banca no Ver-o-Peso. Cupuaçu não está na safra e é pouco visto na feira.
Juliana Bessa / g1
Enquanto o açaí está na melhor época do ano para a colheita, e a manga está prestes a entrar na alta da safra, o cupuaçu, o bacuri e a pupunha são exemplos de frutas regionais que estão em baixa.
Outra fruta requisitadíssima, a castanha-do-pará, teve a produção afetada pela falta de chuvas e pela seca nas regiões. Segundo o Dieese, os preços passam dos R$ 100 por quilo.
"O aumento foi devido à safra que foi pouca para a gente. Foi essa questão de clima, foi o verão muito forte, e a castanheira não produziu", explicou o feirante Agenor Marques sobre o valor do kg da castanha-do-pará ter praticamente dobrado nos últimos meses.
Banca de castanhas, incluindo castanha-do-pará, no Ver-o-Peso. Os preços do produto variam bastante em função da forma de comercialização: com casca, sem casca, inteira (graúda), quebrada, etc.
Juliana Bessa / g1
💸 Segundo a feirante Nazaré, a organização prévia garante o abastecimento e evita repassar no preço a alta demanda em um período de escassez das frutas.
"Todo mundo guardou, agora todo mundo está vendendo; aí fica bom", comemorou Nazaré, que estima vender mais de 100 kg de polpa de cupuaçu ("carro-chefe" do setor) por dia nesta época.
Feirante Nazaré Barros tem barraca de polpas de frutas regionais, onde vende, além de polpas, sucos.
Juliana Bessa / g1
Outra feirante que adota a mesma tática é a Rosilene Pereira: "Na safra a gente guarda para, em fora de época, disponibilizar para os clientes".
⚡ Rosilene diz que o único acréscimo pode ocorrer devido aos custos de energia elétrica para a refrigeração do estoque, não à especulação por causa da COP.
O técnico do Dieese-PA, Everson Santos, ressalta que, com as frutas regionais, "não se consegue ter um comparativo constante, porque existe essa sazonalidade entre a safra de cada uma". Além disso, segundo ele, este é um fator que mostra a necessidade de fortalecer a produção local para equilibrar o mercado e manter o acesso a esses produtos tão emblemáticos, principalmente em períodos de alta procura.
Feirante, seu 'Zé' explicou que são raros os cupuaçus in natura nesta época do ano.
Juliana Bessa / g1
"Pior que não é caro. Sempre achei Belém uma cidade barata", comentou o turista amazonense Dênis Oliveira no setor das polpas, notando a cidade "muito mais movimentada" para a COP 30 enquanto fazia compras em uma das bancas.
O casal Marina e Jorge Martins, de Minas Gerais, em visita ao Pará, percebeu um aquecimento geral no mercado. Jorge elogiou a organização e os preços no Ver-o-Peso, e Marina notou que em outros setores, como serviços, os valores estão mais altos. "A sorte que a gente fez a reserva bem antecipada", comentou sobre a hospedagem em Belém.
Casal Marina e Jorge já esteve no Pará outras vezes e leva até isopor para armazenar as compras feitas no Ver-o-Peso.
Juliana Bessa / g1
Polpa de muruci, fruta típica de consumo no Pará.
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Banca de polpas no Ver-o-Peso.
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Feirante quebra casca da castanha para embalar as sementes.
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