Conheça história real que inspirou o filme 'Minha Criança Trans', estrelado por Ingrid Guimarães
13/10/2025
(Foto: Reprodução) Família de Campinas fala sobre descoberta da identidade de gênero ainda na infância
Inspirado em uma história real, o filme “Minha Criança Trans” será estrelado pela atriz Ingrid Guimarães, de acordo com a “Variety”. A cinebiografia levará às salas de cinema a relação de Thamirys Nunes, de Campinas (SP), com a filha Agatha, que iniciou a transição de gênero aos 4 anos.
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O amor entre as duas foi o que motivou Thamirys a criar, em 2022, uma organização não governamental (ONG) para ajudar outras pessoas que pudessem estar passando pela mesma situação, marcada por possibilidades e conceitos até então desconhecidos.
Em entrevista ao g1 em junho de 2024, ela afirmou que a ONG Minha Criança Trans - que dá nome ao filme - atende 650 famílias em todo o território brasileiro, além de 75 famílias que residem no exterior, com crianças de 3 a 18 anos.
As frentes de atuação da instituição incluem questões de saúde, qualidade de vida, políticas públicas e garantia de direitos, formando uma rede de pais e responsáveis lutando contra o preconceito.
Thamirys Nunes, Agatha e Fábio Cassali
Thamirys Nunes/Arquivo pessoal
'Mamãe, posso morrer hoje pra nascer menina amanhã?'
Quem vê a família de Agatha na “linha de frente” da luta contra o preconceito não imagina a jornada pela qual pai, mãe e filha precisaram passar. Isso porque a menina foi a primeira pessoa trans com quem Thamirys, criada em um contexto conservador, teve contato.
A percepção da mãe sobre a necessidade de deixar a filha livre para explorar a própria identidade veio quando Agatha tinha 3 anos. “Ela falou pela primeira vez: 'Mãe, sabe o que é triste? É triste que Deus não me fez menina, eu seria tão mais feliz”.
“E aí com três anos, 11 meses e 15 dias, ele me disse: 'Mãe, eu posso morrer hoje pra nascer uma menina amanhã?'. E a minha única reação foi falar: 'Pelo amor de Deus, não morre. O resto a gente dá um jeito'", relatou.
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Para Fábio Cassali, pai da Agatha, o processo de transição de gênero da filha foi também uma forma de ressignificar amizades, prioridades e conceitos. “A gente teve um processo bem doloroso. Mas nunca, em nenhum momento, a gente pensou em forçar, em castigar, em reprimir. A gente só queria entender”, contou.
“As pessoas querem rotular as pessoas em caixinhas que elas não cabem, gerando um sofrimento imenso. Quando eu vejo a Agatha se colocando e ocupando o seu espaço, e aprendendo a ser quem ela é sem vergonha, sem nenhuma vergonha, sem nenhum pudor, 'eu sou esta menina que aqui está', isso, para mim, é um motivo de muito orgulho”, disse Fábio.
'Amor transcende rótulos'
Guilherme Coelho e Mariana Ferraz produzem o filme pela Matizar Filmes, junto com Guimarães. A Vitrine Filmes, distribuidora de “O Agente Secreto”, cuidará da distribuição no Brasil e vai co-investir no desenvolvimento do projeto.
A previsão é que a produção tenha início em 2027. Em entrevista à Variety, a atriz afirmou que a história é “um lembrete poderoso de que o amor transcende rótulos”.
“Levá-la às telas é, ao mesmo tempo, um desafio artístico e uma missão profundamente pessoal. É meu primeiro drama no cinema, inspirado em algo tão verdadeiro, por ser a história de Thamirys", disse Guimarães.
Ingrid Guimarães
Reprodução/Instagram
Ao g1, Thamirys afirmou que as negociações para o filme começaram em 2024. “Estou muito feliz em entregar a história para a Ingrid Guimarães, ela é uma atriz brilhante e com certeza fará um filme maravilhoso”.
"[É] Uma possibilidade incrível de 'furar a bolha' e trazer o debate sobre as crianças trans que é tão delicado para a sociedade. A arte é fundamental para quebrar tabus e propor reflexão sobre temas que ainda são repletos de preconceitos e estigmas", disse a mãe.
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